Paisagem e memória

PAISAGEM E MEMÓRIA

A partir da escrita do Sudoeste, o Festival de Caminhadas juntou arte, património e caminhadas. Pretendia-se assim marcar o território ao (re)criar património cultural arqueológico em património cultural artístico. Desta forma, em locais onde apareceram estelas epigrafadas ou em locais associados às caminhadas, as intervenções artísticas pretendem ainda promover a transformação e a valorização de espaços públicos das aldeias da freguesia do Ameixial.

Resultado de experiências participativas colectivas em arte pública, as intervenções artísticas sobre a escrita do Sudoeste estimulam outras formas para se conhecer a paisagem, o património cultural e a identidade da Serra.

Intervenções de Sara Navarro

A pintura de 7 dos vinte e sete caracteres da escrita do Sudoeste nas aldeias de Ameixial, Azinhal dos Mouros, Revezes, Tavilhão e Monte dos Vermelhos, procura envolver e relacionar as noções de visível e de legível.

As pinturas, de grandes dimensões e realizadas em perspectiva anamórfica, nestes espaços obrigam à deslocação do observador/ caminhante, desafiando-o e levando-o a pensar sobre o papel do património cultural arqueológico e da arte contemporânea na formação da nossa identidade.

Enquanto dispositivo visual, as pinturas surpreendem pela forma singular como transformam a nossa visão da paisagem humana e natural da serra. O visível deve a sua eficácia a um poder de atracção que é, à partida, gerado pelo efeito de enigma. Por sua vez, o legível resulta da combinação do visível (que poderia, à partida, parecer ornamental ou gratuito) com uma estrutura gráfica que lhe confere sentido: a escrita do Sudoeste.

Assim, em última instância, a analogia que aí se propõe, não deixando de procurar o fascínio e a surpresa pelo que torna visível, situa-se essencialmente nos campos da memória e da identidade.

ROTEIRO PAISAGEM E MEMÓRIA

Intervenções de
Leonor Pego

Tendo presente a ideia da cobertura dos túmulos onde se encontram as estelas com escrita do Sudoeste e que cobrem as necrópoles da Idade do Ferro ao longo da ribeira do Vascão. A modelação de um círculo em pedra pretende criar um diálogo com os círculos das eiras existentes na aldeia do Monte dos Vermelhos, no percurso do Azinhal dos Mouros.

Instalação de Ângela Menezes

De forma complementar à exposição de arqueologia sobre a escrita do Sudoeste: “Quem nos escreve desde a Serra”, em 2017 durante os dias do Walking Festival Ameixial, esteve patente uma instalação contemporânea de 5 estruturas escultóricas simbolizando signos da escrita do Sudoeste.

Ângela Menezes criou esta instalação que representa as vogais da escrita do Sudoeste (AEIOU), realizada com ferro de obra e redes de pesca reutilizadas, que não só complementa o conteúdo da exposição como cativa visualmente quem visita e transita naquele espaço. Esta revela múltiplas perspectivas conforme o visitante se desloca, havendo ainda uma metamorfose nocturna através da sua iluminação “retroiluminada”.

Intervenções de
Ângelo Gonçalves

No âmbito da intervenção artística que envolvia ‘estar’ com as “Pessoas”, caminhar e passar “Fronteiras” e construir “Objetos”, Ângelo Gonçalves em colaboração com Luísa Ricardo, em realizaram em 2018 três intervenções multidisciplinares públicas, de arte, paisagem e comunidades, a primeira das quais integrada no Walking Festival Ameixial.

Pretendeu-se assim construir uma paisagem, através dos “caminhos velhos” da Serra do Caldeirão, entre o Ameixial (Loulé) e a Mealha (Tavira), revelando elementos imateriais que dessem visibilidade às ligações entre pessoas. 

Em “Pessoas, Fronteiras e Objetos” as intervenções artísticas passam pela construção de objectos móveis, peças soltas e instalações ao longo dos caminhos que unem estas comunidades rurais.

 

Exposições fotográficas

Nas edições de 2018 e 2019 foram efectuadas exposições sobre as edições anteriores e de outros festivais parceiros. Reveja essas mesmas exposições.

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